Consciência limpa é cidade limpa
É comum que tenhamos o costume de pontuar aquilo que nos incomoda visualmente na
rotina, no nosso cotidiano, principalmente nos trajetos corriqueiros de ir para o trabalho ou nos
deslocarmos pela cidade. Mas até onde colocamos as “mãos na massa” para mudar aquilo que
não nos agrada? Estamos vivenciando momentos bastante questionadores e mais do que nos
perguntar acerca daquilo que está errado, o que estamos fazendo para mudarmos de fato essa
realidade?
O que acontece hoje nos grandes centros urbanos é reflexo também da negligência da
sociedade em participar verdadeiramente do local que habita ou apenas circula.
Quem nunca ouviu alguém reclamando das enchentes causadas principalmente pelo
acúmulo de lixo despejado em local inapropriado e, em seguida, essa mesma pessoa joga um
papel de bala no chão, ou uma bituca de cigarro, achando que sua ação não tem relação alguma
com os alagamentos da cidade. Falta-nos a consciência de que cada ação faz parte de um todo,
aquele raciocínio simples que, se cada um dos moradores da grande São Paulo jogar uma latinha
na rua, em um mesmo momento, serão mais de 20 milhões de latas descartadas. Falta-nos então,
o instinto coletivo e participativo; somos responsáveis pelo legado que construímos e que
deixaremos aos nossos descendentes. Cada um de nós, com cada atitude que tomamos ou
deixamos de tomar somos responsáveis pelo panorama que vemos na atualidade.
Em São Paulo, cada paulistano produz, em média, 351,41 kg de lixo por ano. Ou seja, uma
pessoa na faixa dos 35 anos, já descartou por volta de 12,5 toneladas de detritos. Número que
poderia diminuir drasticamente se, das 20 mil toneladas recolhidas por dia, os 35% de materiais
potencialmente recicláveis, de fato fossem reciclados – já que hoje, esse processo acontece com
menos de 1% do que é recolhido. Segundo a Prefeitura de São Paulo, a despesa anual com limpeza
urbana ultrapassa R$ 760 milhões. Veja mais: Coleta de Lixo Prefeitura
Além disso, é necessário que também nos sintamos responsáveis pelo lixo descartado pelo
outro. Já que poderíamos contribuir ao vermos um objeto descartado em local inadequado (no
chão do transporte público, por exemplo), recolhendo e descartando-o da maneira correta, no lixo.
É comum ver que as pessoas ainda se incomodam ao ver que você está fazendo pelo ambiente
àquilo que não fazem.
Mas devemos sim, falarmos das iniciativas bacanas, que tentam justamente criar a ideia de
que somos responsáveis pelo ambiente que habitamos e frequentamos: uma delas é a realizada
pelo Parque Ibirapuera, com ações coletivas e colaborativas, que visam a limpeza do parque por
aqueles que o frequentam, o “Ibira amo e cuido”.
Video: You Tube – Parque Ibirapuera Conservação
Outra novidade é a máquina que recolhe garrafas pet e latinhas, em troca você reverte o
valor em créditos do Bilhete Único ou descontos na conta de luz. Idealizada pela Triciclo, a Retorna
Machine funciona de um jeito muito simples: basta o usuário se cadastrar no site do projeto, levar o
recipiente reciclável , inserir na máquina e esperar ela gerar pontos. Cada garrafa de PET vale 10
pontos, enquanto a latinha vale 15. A cada 100 pontos, o usuário pode resgatar R$0,35 em crédito
no Bilhete Único. Até o final do ano passado eram 15 máquinas instaladas em estações de metrô,
terminais de ônibus e shopping centers, dentre elas: a localizada na estação Sé do metrô, no
Shopping Santa Cruz, no Emporium São Paulo, no Shopping Butantã e no Terminal Tietê.
Foto: Divulgação Facebook Triciclo
A Prefeitura da cidade de São Paulo também nos informa onde estão acontecendo mutirões
de limpeza dos espaços públicos. Também existe um projeto elaborado pelo urbanista Marcelo
Rebelo, em que as pessoas comuns indicam praças em São Paulo para receberem um mutirão
voluntário. Conheça mais: PRAÇAS
Antes de nos questionarmos sobre a responsabilidade do poder público na limpeza da
cidade, por que não mudar o cenário que nos incomoda. Afinal, também somos parte integrante
dele, somos responsáveis pela sujeira que criamos e seria justo também que tomássemos para nós
mesmos a responsabilidade de mantermos a cidade limpa.
Texto: Rafaela Santos –
Time Soul Urbanismo
Foto de capa: AirPano – por Stas Sedov e Dmitry Moiseenko – editada por Rafaela Santos
Maria de Lourdes Pereira Nascimento Felipe
24.02.2016 at 12:46Que bacana!! Essa ideia dos mutirões, também é uma forma de reunir as pessoas em torno de um objetivo comum. Moro em Jundiaí e a Prefeitura, sempre que possível, organiza mutirões na Serra do Japi, para coleta de recicláveis. Deveriam incentivar a população em cada rua, bairro, cidade, estado…