Observando pessoas e o espaço

A luz no estado de lusco-fusco, clima agradável para sair de casa, e do sétimo andar observo a praça em frente. No edifício ao lado vejo uma cena que se repete periodicamente: uma mulher de seus 40 anos fazendo cooper em seus extensos 5 metros de terraço, dividindo espaço entre vasos e varais. Pela quantidade de vezes que já presenciei a cena ela deveria perder a sua graça, mas pela excentricidade do contexto em si, sempre é um espetáculo a ser assistido da minha janela. A “corredora” mal dá 4 passos e já tem que inverter sua direção, e dependendo do dia esses 4 passos são com barreiras, barreiras de blusas, calças e roupas íntimas no varal que fica bem acima de sua “pista”. Talvez a cena, tivesse um pouco mais de sentido se este dito edifício fosse localizado em uma avenida de tráfego intenso de veículos, ou em uma rua onde a calçada fosse exígua demais, ou em um bairro violento. Mas não, o edifício em questão defronta-se com uma praça pública com 400m de perímetro, praça esta que possui uma biblioteca, com excelente acervo, e posto policial em uma de suas esquinas.

 
A corredora é só mais um exemplar, mais uma cidadã vítima da alienação da cidade. Temos espaços parcialmente públicos, mas é só isso, um espaço parcialmente público; Estes infelizmente, não recebem o tratamento urbanístico/ arquitetônico que contemple efetivamente uma vida pública, capaz de intensificar as relações interpessoais, de modo a propiciar mais segurança, e que ao mesmo tempo seduzam pela forma e tenham multiplicidade de atividades e usos.”

 
Foto e texto: Homã Alvico – Fundador Soul Urbanismo

 

 

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